terça-feira, 30 de julho de 2013

Umai Chiado - A Ásia em Lisboa


A Ásia é um bocado de terra que começa em Istambul e se estende até ao Japão, o país onde o sol nasce. Como se calcula, não é fácil nem barato conhecer o continente asiático, o mais extenso à face da Terra. Mas basta ir ao número 78 da Rua da Misericórdia para pelo menos conhecer os seus paladares graças ao Chef Paulo Morais - o equivalente moderno e gastronómico de Fernão Mendes Pinto - que por lá peregrinou, aprendeu os ensinamentos dessas terras distantes e voltou decidido a missionar-nos no gosto pelos sabores orientais. E nós já nos convertemos há muito.

Mais concretamente, seguimo-lo assiduamente desde os tempos do QB em Oeiras e mantemos essa perseguição nos Umais: O Izakaya do Umai e o Umai do Chiado, os mais recentes projectos do Paulo e da Anna Lins.

Mas vamos ao que interessa. O nosso último almoço no Umai do Chiado começou por dois pratos incontornáveis: a espuma de caril com vieiras (acompanhadas pela crocante cebola frita) e as cornucópias de sésamo com caranguejo real e molho yuzu. Obrigatório.

De seguida dividimos um menu Umai, que varia diariamente, composto por quatro pratos dos quais guardamos especial memória dos baozis com caril de porco e das guiozas de alperce.

Para beber escolhemos dois magníficos chás: o de jasmim com flores e o verde, com pipoca de arroz.

Tudo ficou-nos por pouco menos de 20 € por pessoa, montante que nem um táxi paga em Tóquio, por exemplo.

Todos os pratos com uma apresentação cuidada mas elegantemente despretensiosa, a combinar com a decoração do espaço.  Já agora, parece que umai é uma expressão japonesa usada informalmente quando queremos dizer que a comida nos sabe bem. Poucos restaurantes lisboetas se poderão gabar de ter um nome tão apropriado. 


sexta-feira, 26 de julho de 2013

de Castro Elias – Do cachaço de bacalhau e outras iguarias



Conseguem imaginar uma espécie de patanisca bem redondinha, fofa e enxuta, e em que finas lascas de bacalhau se desfazem na boca? O Chef Miguel Castro Silva, do Restaurante de Castro Elias, chamou-lhe Iscas do Cachaço de Bacalhau. Na verdade, não lhes poderia chamar outra coisa: as pataniscas preparam-se desfiando o fiel amigo e misturando no polme, enquanto as iscas são lascas de bacalhau passadas por polme e fritas.  Nós chamámos-lhes um figo.

Este foi um dos quatro pratos para picar que não seleccionámos da lista: limitámo-nos a fazer eco do pedido da senhora da mesa lado, habitué da casa, tal o entusiasmo, justificadíssimo, com que o recomendava à sua comensal.

Já ao comando da carta, quisemos manter-nos na primeira metade da lista - os ditos pratos para picar -, experimentando um peixe novo para nós, a Cavala fumada com escabeche de cebola. Um belo filete da dita com uma colherada de cebola que nos deixa em lágrimas quando acaba, pela vontade que nós dá de continuar a comê-la.

Mais conservador nas investidas gastronómicas, o meu parceiro fez uma aposta segura nos Ovos de Codorniz com Chouriço. Nunca falha.

Terminámos com uma Açorda com Cogumelos e Enchidos. Mesmo os que não apreciam esta forma de comer o pão ficariam rendidos à mistura de sabores entre cogumelos frescos e enchidos bem picadinhos.

Um apontamento para as bebidas. A água está sempre disponível em todas as mesas numa elegante e personalizada garrafa com a inscrição do nome do restaurante. Para os que não têm receio de beber ao almoço, o vinho a copo é uma excelente opção. No caso, um bem sugerido Quinta da Lagoalva tinto, meio encorpado e algo doce, um parceiro à altura dos pratos experimentados.

O espaço não é grande,  o que o torna mais acolhedor, com decoração despojada e moderna. O atendimento é cordial e afável.

Couvert composto por pão fatiado e uma deliciosa pasta de azeitona preta, quatro pratos para picar, um copo de vinho e água fica em média por 14€. Para estômagos que careçam de maior ocupação, não provámos mas recomendaram-nos, as amêijoas com feijão manteiga e a tiborna de bacalhau. Fica para a próxima! 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Sol e Pesca - O peixe vem da lata




Há muito que o Cais do Sodré (CdS) nos atrai. Atrai-nos desde os tempos das discotecas decadentes e dos bares dançantes de gosto tããstavam s s que os frequentavam quando nançantes de gosto muito duvidoso, frequentados por  sabor nada tem a ver.o duvidoso como as senhoras que os frequentavam. As mesmas que, encostadas às paredes dos prédios, pareciam suportar e evitar a  sua ruína.

Mas o CdS mudou. Depois de um prolongado encerramento, reabriu em Setembro de 2011, com nova roupagem. Para além da zona de bares e discotecas – a Pensão Amor é imperdível -, agora também nos oferece excelentes espaços para refeições ou simples petiscos.

Um dos nossos preferidos é o Sol e Pesca, uma antiga loja de artigos para pescadores que pegou na ideia por trás de sítios como a Conserveira Nacional, melhorando-a ao disponibilizar pequenas mesas e bancos onde é possível degustar iguarias em lata enquanto se espreita a movida da Rua Nova do Carvalho

A lista é grande e de difícil escolha. A ajuda é facultada pela existência de um polegar na lista, com os pratos aconselhados pela casa, ou pela simpatia e eficiência da Catarina.

Desta vez pedimos sardinha fumada em azeite picante, filete de truta fumada em azeite e a obrigatória muxama (atum fumado e com aspecto de presunto, mas cujo sabor em nada se assemelha). A anchova em rolo de azeite teria sido uma boa opção, se o Sol e Pesca não tivesse sido invadido  na véspera por um grupo de cinquenta turistas italianos que esgotaram o stock por completo, depois da prova da dita.

Todos os pratos – pequenos, que aqui pratica-se a nobre arte do petisco -, são preparados na hora, devidamente acompanhados por um gomo de limão, e aromatizados com salsa ou cebolinho. É imperdoável não pedir um cesto de pão.

No final da refeição, se algum prato lhe deixou água na boca ou se pretender experimentar outro que não teve oportunidade no restaurante, é só pedir à Catarina para tirar as latas da vitrina e levá-las para casa.

O preço médio, sem vinho, ronda os 12,00€.

Longe vão os tempos em que as conservas de peixe tinham sido renegadas ao parente pobre da gastronomia. Na Rua Nova do Carvalho promove-se, e bem, o conceito de servir peixe em lata que continua a despertar-nos a vontade de voltar; seja para a petisqueira in loco, seja para reabastecer a despensa destas pequenas doses de prazer em lata.