Há
muito que o Cais do Sodré (CdS) nos atrai. Atrai-nos desde os tempos das
discotecas decadentes e dos bares dançantes de gosto tã o duvidoso como as senhoras que os frequentavam. As
mesmas que, encostadas às paredes dos prédios, pareciam suportar e evitar
a sua ruína.
Mas
o CdS mudou. Depois de um prolongado encerramento, reabriu em Setembro de 2011,
com nova roupagem. Para além da zona de bares e discotecas – a Pensão Amor é
imperdível -, agora também nos oferece excelentes espaços para refeições ou
simples petiscos.
Um
dos nossos preferidos é o Sol e Pesca,
uma antiga loja de artigos para pescadores que pegou na ideia por trás de
sítios como a Conserveira Nacional, melhorando-a ao disponibilizar pequenas
mesas e bancos onde é possível degustar iguarias em lata enquanto se espreita a
movida da Rua Nova do Carvalho
A
lista é grande e de difícil escolha. A ajuda é facultada pela existência de um
polegar na lista, com os pratos aconselhados pela casa, ou pela simpatia e
eficiência da Catarina.
Desta
vez pedimos sardinha fumada em azeite picante, filete de truta fumada em azeite
e a obrigatória muxama (atum fumado e com aspecto de presunto, mas cujo sabor
em nada se assemelha). A anchova em rolo de azeite teria sido uma boa opção, se
o Sol e Pesca não tivesse sido invadido na
véspera por um grupo de cinquenta turistas italianos que esgotaram o stock por
completo, depois da prova da dita.
Todos
os pratos – pequenos, que aqui pratica-se a nobre arte do petisco -, são
preparados na hora, devidamente acompanhados por um gomo de limão, e
aromatizados com salsa ou cebolinho. É imperdoável não pedir um cesto de pão.
No
final da refeição, se algum prato lhe deixou água na boca ou se pretender
experimentar outro que não teve oportunidade no restaurante, é só pedir à Catarina
para tirar as latas da vitrina e levá-las para casa.
O
preço médio, sem vinho, ronda os 12,00€.
Longe
vão os tempos em que as conservas de peixe tinham sido renegadas ao parente
pobre da gastronomia. Na Rua Nova do Carvalho promove-se, e bem, o conceito de
servir peixe em lata que continua a despertar-nos a vontade de voltar; seja
para a petisqueira in loco, seja para
reabastecer a despensa destas pequenas doses de prazer em lata.
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